quarta-feira, 9 de março de 2011

É tudo uma questão de vermelho

Um sofá vermelho nunca é só um sofá vermelho. Tem mística, tem significado, mexe connosco. Ninguém fica indiferente a um sofá vermelho, digo eu, talvez por isso se adequar a mim mesma. Talvez por não conseguir ficar bem com isso, talvez por apesar de já o ter interiorizado mil vezes, ele continuar a vir à tona e a deixar-me insegura cada vez que o encontro. Apesar de já ter repetido baixinho imensas vezes que não foi nada, que já passou e que não tem importância, a verdade é que tem. A realidade é que ele foi tudo e tentando igualar ambas as partes da equação, tudo o que eu te posso dar é nada. Nada a acrescentar, nada a fazer, nada a marcar. É vermelho, como não poderia ter importância. Como poderia ficar bem, quando é marcante, quando foram tantas vezes, tanto tempo e tão bom.
E hoje, sinal dos sinais, dei de caras não com um nem com dois, mas com imensos sofás vermelhos. Deve ser moda agora, ou então estavam ali só para me atormentar. Ou então estava só na secção dos sofás, e tudo o resto foi drama e racionalização a mais. Mas não consigo, não sei porque, não consigo lidar bem com isso. Talvez por saber que ela tinha um sofá vermelho. Porque tu já tiveste um sofá vermelho para ti. E esse sofá era como uma brincadeira de crianças, um carrossel de ideias, onde nem moedas havia, a viagem era grátis e longa e podias andar as vezes que quisesses. E não havia rotina, não havia falta de sentimentos, não havia cansaço nem tão pouco faltava a preocupação e o sentimento. E gostaste, e ainda hoje te lembras dele. E agora mudaste, e eu não sei se te achas e sentes melhor assim, não sei se acredito em ti. Talvez por não querer ou não me deixar acreditar que comigo estás bem, por me fazer confusão, por ter um certo gosto masoquista que me prende a isso, que me faz falar disso e me dói e me magoa.
Um sofá vermelho. Com tudo o que englobou, mais ainda, com tudo o que ainda engloba. Para mim. O quão insuficiente ou ineficaz me faz sentir. O quão pequenina me faz sentir, o quão insegura me deixa. E eu não devia saber, eu não devia saber que houve um sofá vermelho, eu não queria saber, não me devias ter deixado saber, não me devias deixar ficar assim. Devias mentir-me, devias saber o que quero ouvir e devias deixar-me bem, quando a única coisa que me sabes dizer é que é passado, e está enterrado e que tudo mudou. Mas não dizes para melhor. Não dizes que estás melhor, não dizes que sou melhor, não dizes que me preferes e que não trocavas isto por nada deste mundo. Não dizes que preferes o meu sofá verde, o meu edredon cor-de-rosa e o meu cortinado amarelo. E por isso, sem saber bem porque, agora tenho o quarto cheio de acessórios vermelhos. Caixas, candeeiros, cortinados, edredons. Falta o sofá.
Lição de hoje, um sofá vermelho é sexy.




Iz

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