domingo, 22 de maio de 2011

Não contes a ninguém

"Olá, eu sou a pessoa X e tu és a pessoa Y, muito prazer em conhecer-te.", "Gosto muito desse teu ar atrapalhado e de bem com a vida", "O meu número é o Z, o teu é o K e vamos trocar toneladas de mensagens".
Ok, admitamos que nunca houve e muito provavelmente não vai haver este tipo de conversa entre nós, mas é isso mesmo que torna todo o envolvimento ainda mais estranho. Não há nenhum "bom dia" e muito menos um "boa tarde" dito e deus nos livre de alguma troca de olhares que pudesse haver, que descalabro. Mas apesar de tudo e talvez até por tudo isto, fazes-me gostar de ti. Contra toda a minha natureza. Sem eu estar à espera. Apareces e desapareces e cortas-me a respiração e qualquer tipo de reacção que eu pudesse ter. Fazes-me perder a minha tão importante "locustura" e aquele tão habitualmente forte coração liberta-se das amarras que o mantêm no lugar e acelera qual carro de fórmula 1. E eu nem pareço importar-me. Essa tua atitude desligada, não quero saber de ti, vou fugir porque não me apetece enfrentar-te, que antes seriam mais que motivo para eu fazer troça de ti e chamar-te menino, agora não são mais que razões para continuar à deriva sem entender nada do que vem de ti. Sim, odeio o facto de não te entender, de não conseguir analisar-te e a partir daí conseguir dosear a minha atitude. Odeio o facto de por isso mesmo me manteres à espera, de me acalentares a esperança e de me queimares o pensamento tão facilmente como se de uma folha de papel se trata-se.
E eu não sei sair daqui, não sei se quero sair daqui.
Damn you, uma resposta, um sinalzinho não custava nada e ao menos ajudava a libertar-me desta bipolaridade que me deixa com os receptores nervosos à flor da pele.

E não contes a ninguém, que eu também não to contarei a ti.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Insignificâncias

 Um dia em que há festa, música, álcool, rapazes, raparigas, tudo o que a atmosfera académica tem obrigatoriamente, todo aquele aroma é essencial, ali, naquele lugar, naquela cidade, naquela hora.  
 A música faz-se ouvir e os músculos do corpo pedincham, ansiosamente, movimento em passos de dança sejam eles lentos ou rápidos, acompanhados ou sozinhos. A noite vai longa e aquele mundo parece não ter limite, no entanto o corpo e a mente já demonstram sinais vitais de que se encontram a enfraquecer. Esses sinais vitais começam a voltar mais que ao normal, porque o órgão que nos exibe o mundo real se depara com a verdadeira realidade social, e o coração acelera descompassadamente levando a que o pensamento voe para um terceiro mundo. Os olhos não vêem mais do que umas barbas sujas a surgir por entre uns cobertores disfarçados de cartões de papel e a única música que naquele momento surge nos ouvidos são moedas a tilintar na calçada de Lisboa, moedas, essas, exclusivas de um mundo muito distante do real.
Isto faz pensar que o Universo é injusto.
 Há quem se queixe de coisas como, sopa ao jantar, ou então, porque os sapatos fazem bolhas nos pés, ou ainda até, uma mesquinhice maior, existe uma unha que está pintada com um tom mais intenso do que outra, e depois para que servem estas queixas, quando existem pessoas que dariam tudo para ter uma sopa na mesa, para ter bolhas nos pés por causa dos seus novos sapatos ou umas simples unhas limpas?
 De que serve um dia de primavera, onde todas as flores dão cor às ruas e o sol as ilumina, se existem pessoas que o vêem a preto e branco?
 De que servem as palavras, se a casa está deserta?