sexta-feira, 20 de maio de 2011

Insignificâncias

 Um dia em que há festa, música, álcool, rapazes, raparigas, tudo o que a atmosfera académica tem obrigatoriamente, todo aquele aroma é essencial, ali, naquele lugar, naquela cidade, naquela hora.  
 A música faz-se ouvir e os músculos do corpo pedincham, ansiosamente, movimento em passos de dança sejam eles lentos ou rápidos, acompanhados ou sozinhos. A noite vai longa e aquele mundo parece não ter limite, no entanto o corpo e a mente já demonstram sinais vitais de que se encontram a enfraquecer. Esses sinais vitais começam a voltar mais que ao normal, porque o órgão que nos exibe o mundo real se depara com a verdadeira realidade social, e o coração acelera descompassadamente levando a que o pensamento voe para um terceiro mundo. Os olhos não vêem mais do que umas barbas sujas a surgir por entre uns cobertores disfarçados de cartões de papel e a única música que naquele momento surge nos ouvidos são moedas a tilintar na calçada de Lisboa, moedas, essas, exclusivas de um mundo muito distante do real.
Isto faz pensar que o Universo é injusto.
 Há quem se queixe de coisas como, sopa ao jantar, ou então, porque os sapatos fazem bolhas nos pés, ou ainda até, uma mesquinhice maior, existe uma unha que está pintada com um tom mais intenso do que outra, e depois para que servem estas queixas, quando existem pessoas que dariam tudo para ter uma sopa na mesa, para ter bolhas nos pés por causa dos seus novos sapatos ou umas simples unhas limpas?
 De que serve um dia de primavera, onde todas as flores dão cor às ruas e o sol as ilumina, se existem pessoas que o vêem a preto e branco?
 De que servem as palavras, se a casa está deserta?

    


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