domingo, 17 de abril de 2011

Tesouras e laços

Devolve-me os laços, dizia a música entoada há tempos atrás. Devolve-me os laços, quiçá aqueles que um dia me tiraste ou aqueles que rasgaste por mero capricho, quiçá aqueles que querias fazer mas reprimiste. Ou então eras, ou és, muito pequenino sequer para fazer laços. Mas, ironia da voragem do tempo, não quero devoluções. Não quero os teus laços, até porque são ainda muito meninos, muito azuis e já nada disso me apraz grande desejo. Podes pegar em todos os metros de fita que agora te apetece gastar comigo e dar-lhes alguma utilidade, fazer algo de jeito. Mas fazer mesmo, não o teu querido diz que faz, diz que acontece, porque isso a mim não me vale mais que umas gargalhadas.E quanto a isso já tenho quem me complete.
Olha, podes fazer um belo arranjinho com eles e cortá-los com uma grande tesoura. Mas, agora que te ensinei a fazer laços, ou que finalmente te apercebeste que só comigo fazes laços decentes, não tens tesoura.  Não tens tesoura porque eu não ta dei, sabes bem que tudo o que dou é com contra peso e medida, nada é ocasional. Tesoura, que é bom, guardei para mim. Por isso é que agora te encontras nesse emaranhado que te deixei e ninguém mais sabe desatar ou cortar esses nós.
Não tens tesoura nem sabes cortar. E não consegues cortar os mil laços que tenho à minha volta e que não te envolvem e nem sequer te dizem respeito. E nem nada sabes a seu respeito. Porque, grande vantagem minha, não vivo para mostrar. Adoro o facto de a tua vulnerabilidade te fazer mostrar que, enquanto que a minha reactividade não necessita de. Eu sei o que faz e acontece e, no cerna da questão, é isso que importa. Quanto ao resto, já percebi a que tenho direito e ao que me apetece dar, e não é de todo, aos teus tão recentes e imaturos laços.


Iz

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